O caos no trânsito em Natal, provocando dificuldades de deslocamento na região metropolitana e as deficiências do transporte coletivo, entre outros inúmeros problemas ligados ao crescimento urbano, tem produzido reflexos diretos na valorização dos imóveis novos ou na planta.

Construtoras com atuação nacional que impuseram nos últimos anos um preço mais salgado ao metro quadrado construído em regiões mais distantes das áreas tradicionalmente valorizadas da cidade estão encontrando dificuldades para comercializar as unidades ou manter ativos os clientes que assinaram os contratos de compra.

Nos empreendimentos fora de áreas tradicionais de alto coeficiente de adensamento, o resultado tem sido unidades prontas para morar, mas vazias, num período de muitas entregas de empreendimentos aos compradores. Não há números exatos desse encalhe – mas o que se nota é um aumento expressivo das “promoções”, indicando uma velocidade de vendas bastante reduzida.

Segundo alguns corretores é comum encontrar clientes revoltados com o fato de terem adquirido um imóvel quatro ou cinco anos atrás e descobrir uma unidade no mesmo bloco sendo negociadas a preços iguais ou mesmo ligeiramente inferiores à época em que ele fechou o negócio.

No começo desse ano, em entrevista ao JH, a vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do RN, Larissa Dantas Gentile, comentou os valores desencontrados de alguns imóveis em fase de entrega e a necessidade de uma revisão baseada, segundo ela, no “bom senso”.

Um dos principais players da área de compra e venda em Natal, confirmou que o problema é sério e interage com o gargalo da infraestrutura urbana da região metropolitana de Natal, cujas deficiências vêm depreciando consideravelmente os investimentos na área.

“Quem adquiriu imóveis em Nova Parnamirim e na Zona Norte, por exemplo, deve ter encontrado boas razões para o investimento na época, esperando, sobretudo, uma valorização… mas agora está gastando tempo e dinheiro para enfrentar congestionamentos diários quando sai de casa para o trabalho”, diz o empresário.

Comprar um imóvel em Natal, de fato, virou uma tarefa bem mais complicada do que antigamente, quando bastava olhar e gostar para bater o martelo. Hoje, a variedade de empreendimentos e de “ofertas” lançadas no mercado exige do consumidor bem mais cautela que pode livrá-lo do pesadelo da má compra.

“Conhecer os fatores que valorizem ou depreciem um imóvel, a relação entre o preço do metro quadrado cobrado e do praticado pela região onde o imóvel está localizado, as vantagens oferecidas pelas áreas comuns dos empreendimentos, a posição do sol e até a distribuição dos pontos de ar condicionado – tudo isso deve ser levado em conta”.

Depois de viver os áureos anos da invasão do capital estrangeiro, nos primeiros cinco ou seis anos da década passada, quando negócios eram fechados diariamente por força de um câmbio que emprestava ao Euro um poder de compra muito maior que o Real, o mercado local foi o alvo de grandes construtoras e incorporadoras nacionais, com empreendimentos espalhados pelo País.

Inicialmente saudada como uma presença positiva na medida em que traziam inovações na forma de incorporar e vender, com o tempo notou-se que áreas mais distantes das tradicionais foram abertas com preços de metro quadrado incompatíveis com os que realmente deveriam ser cobrados. Vendidas a preços equivalentes aos praticados em áreas de alto nível de adensamento, essas áreas sofreram com a valorização artificial, provocando uma reação inversa do mercado.

“A preocupação agora, já que o mercado continua muito comprador, é restabelecer a credibilidade das ofertas para evitar o descrédito do consumidor”.

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